sábado, 16 de maio de 2009

Declaração

A M. acabou o teste num ápice. Afastou o teste, como quem afasta o prato sujo à refeição para passar à sobremesa. Deitou-me um olhar, meio de desafio, meio de pedido. Pegou num caderno e recomeçou uma escrita a lápis. É um caderno A5, quadriculado, com argolas.
- Não são as suas memórias, suponho.
- Não - e a M. ri-se. A M. tem 15 anos.
Passado um bocado a L. levanta-se, apanha o caderno da M., e começa a ler. Acena com admiração. A B. depois pega no caderno e também lê. Ri-se e acena. A A. também é rapariga e por isso também é gente. Ela lê e também acena elogiosamente. São 3 páginas conta a A.
- Olha lá, tchavalo? - pergunta a A., baixinho, insistindo no t.
- Sim, eu digo tchavalo - responde a M. contente com a sua variante estilística.
A M. recupera o caderno e retoma a escrita.
- Mas são confidências?
- Não, é uma declaração de amor!
- Oh, que bonito!