sábado, 16 de janeiro de 2010

Software

Ninguém compreende a I. É super brusca, diz os palavrões todos, não faz nada nas aulas, interrompe todos, no melhor dos casos está entretida com o MP3. A minha colega R. já teve uma conversa de mulher para mulher (seja lá o que isso signifique) com ela; a I. é uma rapariga bonita, como a própria R. me disse. Não houve resultados. Na aula de ontem ela manifestou-se mais uma vez. Não me contive.
- I. você tem um problema de software.
- Hã?...
- Sim, o hardware está bem, você tem duas pernas, dois braços, parece saudável, o problema é o software, talvez seja o sistema operativo.
Ela não percebeu nada, mas a M. riu-se a bom rir, discretamente. A M. tem boa onda.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Equivalências

- O setor é mágico escreve sem olhar para o teclado, disse o J. Estava a escrever no Word, projectando o ficheiro com um data show para o quadro. A escola adoptou os quadros brancos que se usam com uns marcadores e deitou fora as ardósias e o giz. Só que os quadros brancos incompreensivelmente são dificílimos de apagar (em Setembro ainda se apagavam lindamente).
- Grande coisa, tu também escreves mensagens sem olhar, retorquiu a N.
- Sim, é isso.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Tipologia das reuniões

A maior parte do que é dito nas reuniões cai numa de duas categorias:
  • Relevante mas inconsequente. Trata-se de ideias, reflexões e mesmo decisões que, embora úteis, a gente sabe que não terão qualquer implementação. Por exemplo uma DT informa o Conselho de Turma que um aluno foi assinalado para o SPO (acompanhamento psicológico): depois nada acontece;
  • Irrelevante. Ideias, excitações, reclamações, que nada acrescentam. Por exemplo uma colega acha que os alunos da escola pública deveriam andar com farda. É um pensamento irrelevante que é transmitido numa reunião de departamento.
As coisas relevantes e consequentes, raras, têm normalmente a ver com procedimentos que são impostos, e geralmente são de utilidade incompreensível. Para usar uma expressão de Rui Ramos num artigo do Expresso de hoje (e a propósito do cinismo da classe política), é conveniente adoptar uma indiferença higiénica nos convívios forçados das reuniões.