sábado, 13 de setembro de 2008

E Lisboa?!

Acasos vários levaram-me ontem ao Porto e, quando deambulava nas traseiras da centenária Livraria Lello, perto da Torre dos Clérigos, encontrei um restaurante para almoçar.

Uma sala com uns 100 m2 (será mesmo esta área?...), um pé direito de uns 7 metros, 4 colunas de ferro que sustentam o tecto, armários altíssimos com umas prateleiras cheias de tralhas que povoaram os nossos quotidianos num passado próximo, um serviço de buffet simpático. Os armários lembraram-me o Pavilhão Chinês em Lisboa.

O portuense tem o verbo muito mais fluído do que o lisboeta. Umas clientes rapidamente explicaram-me como funcionava o buffet. Escolhi pescada que parecia estufada em cama de cebola e alho francês, acompanhada por arroz branco cozido soltinho, champignons de Paris salteados, couve-flor gratinada e uma salada de alface e agrião "refrescada" com pedaços de kiwi e bagos de uva. Tudo servido num prato gigante, branquinho e agradável. Único reparo - o peixe tinha pimenta em dose já vagamente agressiva. Pimenta do Reino como se diz deliciosamente no Brasil, para regalo dos nossos restinhos imperialistas.

Um ambiente super cool, uma refeição regada com uma abadia, fechada com um pingo, e tudo isto por €6. Digam-me por favor onde encontro isto em Lisboa e, já agora, o nome deste restaurante portuense.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Encorajamento

Um aluno nunca esquece uma palavra de encorajamento dita em privado, com admiração e respeito.

William Lyon Phelps (1865-1943), pedagogo e jornalista norte-americano (citação transcrita do jornal Público de hoje).

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Os manuais e o interesse escolar

O filósofo Desidério Murcho na sua crónica de hoje no jornal Público ("Lavoisier e a escola") reflecte sobre o desastre dos manuais (e programas escolares). Desidério percebeu a infelicidade dos manuais quando estudou Os Maias. Embora o romance fosse "imensamente vívido", (...) "era completamente assassinado na escola; tornava-se uma tolice formal, mero exemplo de correntes literárias constrastantes entre si, um emaranhado de figuras de estilo com nomes complicados e um sem-fim de entulho que pareciam ter por única missão impedir qualquer aluno mediano de pura e simplesmente gostar de ler o romance e de compreender o seu significado. "

O que é que Desidério entende por formalismo?

"Chamo "formalismo" ao que faz professores, autores de manuais escolares e de programas e de exames assassinar a literatura, a história, a física e tudo o que se torna objecto de estudo na escola. O formalismo torna tudo pantanoso e pouco nítido, palavroso e aborrecido."

Qual é a consequência do formalismo? "É preciso que o aluno traga de casa uma vontade de ferro para estudar, caso contrário não encontra o menor sentido na escola." A escola é uma charada sem nexo...

Desidério associa à luta de classes o intragável dos manuais e da organização escolar. "Inventou-se a escola universal, mas deve ter havido alguém que decidiu tornar tudo tão absolutamente grotesco que dificilmente um pobre consegue ter o mínimo entusiasmo por toda aquela fantasia - e lixa-se com isso, pois claro."