Em primeiro lugar os alunos dos CEF são uns privilegiados porque os cursos funcionam com turmas de 14 ou 16 alunos, o que corresponde a cerca de metade da dimensão das turmas do ensino regular. Depois - no caso do Básico - é-lhes dada a possibilidade de terminar a sua educação obrigatória num âmbito profissionalizante, o que lhes permite uma integração mais fácil no mundo do trabalho. Os alunos dos CEF também têm apoios invulgares no ensino regular. Mas, na prática, os CEF funcionam em fio de navalha...
Alunos desmotivados - desmoralizados com as charadas do ensino regular - chegam tardiamente ao CEF do Básico; a carga horária é excessiva; jovens de 15 anos passam horas e horas sentados e apenas têm uma aula de 1h30 de Educação Física semanal. As disciplinas podem ser maçudas e no fundo são basicamente decalcadas de cadeiras universitárias...
O artigo de Pedro Picoito (docente do Instituto Superior de Educação e Ciências) no Público de 5ª feira, 25 de Serembro, p. 41, "Só uma escola exigente é democrática", põe a tónica na justiça social da exigência escolar. A Escola Pública apenas cumpre o seu desígnio de democratização do acesso ao saber e competência se for exigente, estimulando a excelência. Insucesso escolar combatido com exames mais fáceis minam a excelência. Só uma escola que "respeita o conhecimento [é que] respeita os alunos, respeita as famílias e respeita os contribuintes que a pagam."
A desmotivação dos "clientes" dos CEF, associada a um espírito de falta de exigência, pode tornar impossível o trabalho do professor.
3 comentários:
Como entendo este post...
Seria bom que se soubesse a realidade do percurso pós-CEF. Os alunos vão mesmo trabalhar na área do seu curso ou continuam pelos cursos profissionais até tirarem o 12º ano para depois irem fazer algo que nada tem que ver com o que andaram a "estudar"???
Estas estatísticas o ME não as dá a conhecer...
No Blog de Ramiro Marques encontrei um link para um estudo sobre a origem dos alunos dos CEF. Não sei se existem estudos sobre as saídas escolares/profissionais dos alunos.
Se o aluno frequentar um curso profissional depois do CEF corre provavelmente o risco de frequentar disciplinas que repetem muitos conteudos estudados anteriormente...
Acho que os alunos dos CEF deveriam ser obrigatoriamente sujeitos a alguns exames nacionais (talvez em português e nas disciplinas da componente científica). Seria mais claro nesse caso a bitola de exigência. A Equipa Pedagógica teria a missão de colaborar com os professores "atingidos" pelos exames, de forma a permitir que alunos normalmente com mais dificuldades conseguissem uma progressão dos seus conhecimentos e competências coerente oom as exigências das avaliações externas.
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